Prefeitura do Rio já está aterrando área. Comunidade existe há mais de 80 anos e foi fundada por pescadores. Famílias atingidas não foram convidadas a participar de projeto.
Mais uma comunidade está ameaçada pelos megaeventos que se aproximam e que já fizeram dezenas de milhares de vítimas. Desta vez, é a comunidade Arroio Pavuna, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que denuncia ações que não respeitam o diálogo com os moradores.
“A prefeitura se apossou (…) da lagoa no lado direito da comunidade Arroio Pavuna. O aterro já está a cerca de um metro de altura. As famílias que deverão ser atingidas não foram convidadas a participar do projeto da tal obra. Já está havendo abuso de poder e pressão psicológica, estratégas arbitrárias para criar atrito entre os moradores”, apontam moradores que nossa reportagem manterá em sigilo.
Segundo a denúncia, o objetivo da Prefeitura é efetuar as vendas das casas do projeto 'Minha Casa Minha Vida'. “Esse projeto de política pública nada tem. Trata-se de um farto comércio fingindo políticas de moradia baixa renda que no fundo favorece empresários e construtoras interessados no mercado de terras”.
Os moradores lembram que as casas dessa comunidade não agridem o meio ambiente. “Os moradores não jogam dejetos no rio e na lagoa. Tem fossas assépticas com filtros, os quintais são bem arborizados, não agridem a fauna e preservam a vegetação nativa. Enquanto isso os capitalistas desmatam toda região, destroem as espécies nativas vegetal e animal e acabam com mangue, e o habitat dos répteis, pássaros e outros animais. O governo permite licença para essas construtoras fazerem o que quiser sem nenhuma infraestrutura”.
Moradores relatam que na última terça-feira (21/6), a Prefeitura, por meio de um homem identificado como Pedro Paulo, ligou por volta de 18h30 para uma liderança da comunidade, com a intenção de conversar sobre a “necessidade de fazer um novo cadastro dos moradores”. Chegou na comunidade depois das 19h. Ele teria pedido que ele retornasse no dia seguinte com uma notificação, conforme exige a lei, dizendo do que se trata e com uma solicitação para entrar nas casas para tirar as medidas e fotos.
Na conversa, ficou estabelecido que voltariam no dia seguinte (quarta 22), às 12h30, com a notificação esclarecendo o motivo da saída da comunidade e uma solicitação de identificação do engenheiro que entraria nas casas.
Segundo o relato, Pedro Paulo prometeu ligar. No entanto, não ligou. Quando esta liderança da comunidade chegou, às 12h, a Prefeitura já estava marcando as casas. Foram impedidos de continuar, pois não possuíam documentos. Na parte da tarde, um funcionário da Subprefeitura identificado como Rogério ligou convidando esta liderança comunitária para estar no mesmo dia com o subprefeito da Barra por volta das 16h. Ela entrou em contato com o Núcleo de Terras da Defensoria Pública do Estado, para facilitar o encontro.
Na próxima terça-feira (28/6), haverá um encontro às 20h reunindo todos os moradores e a Defensoria Pública. Será na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, nº 751, na Barra da Tijuca. Localização: Em frente ao Hospital Sarah, próximo ao Condomínio Rio Dois. Interessados podem fazer contato pelo telefone (21) 2421-5416.
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